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28 de Junho de 2024
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    Transporte coletivo / Promotoria investiga acidente de ônibus que matou passageira - Família não decidiu se irá à Justiça - Primeira audiência da licitação será em março

    Ministério Público quer saber se houve falha em sistema de segurança que deveria manter porta fechada. Mulher caiu de ligeirinho e foi atropelada

    O Ministério Público abriu inquérito para investigar as causas do acidente que causou a morte da auxiliar de serviços gerais Cleonice Ferreira Gouveia, 29 anos. Cleonice caiu de um ligeirinho da Linha Araucária, na manhã da última quarta-feira, após a porta abrir com o veículo em movimento. O objetivo do Ministério Público é verificar a segurança dos veículos do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana.

    A Urbs (empresa responsável por gerenciar o transporte coletivo), a Empresa Araucária Transporte Coletivo Ltda. (proprietária do ônibus) e Silvestre Farinhaque (motorista do veículo) serão chamados para depor. "É preciso saber a razão da abertura da porta", diz o promotor Maximiliano Ribeiro Deliberador, da Promotoria do Consumidor.

    De acordo com Deliberador, é necessário afastar a possibilidade de uma falha de sistema que possa colocar outros usuários em perigo. O Ministério Público pede que a Urbs informe quantos ônibus da frota têm o mesmo sistema, podendo apresentar problema semelhante. "Se houver defeito, será necessário fazer um acordo ou propor uma ação entre as empresas e a Urbs, para que haja reparação do produto", afirma.

    Três outras perícias estão apurando as causas do acidente: uma está a cargo da Urbs; outra da empresa Araucária; e a terceira é feita pelo Instituto de Criminalística. As duas primeiras devem ser finalizadas em 15 dias. Já a do Instituto de Criminalística pode variar entre 15 e 30 dias.

    Demonstração

    A Sulbrave, representante das carrocerias Marcopolo em Curitiba e região, fez ontem uma demonstração pública de como funciona o sistema de segurança dos ônibus. Na demonstração, foi usado um veículo semelhante ao do acidente que vitimou Cleonice (veja infográfico).

    De acordo com a empresa, o sistema de segurança impede que as portas do ônibus se abram com o veículo em movimento. "Se a porta não está totalmente fechada, o veículo não anda", afirma o coordenador de pós-venda e de assistência técnica da Sulbrave, Gérson Aurélio Martins.

    Em um procedimento normal, quando o ônibus encosta na estação-tubo, o motorista aperta a tecla localizada ao seu lado esquerdo para abrir as portas. Primeiro, abre-se a rampa e, em seguida, as portas. Com a abertura das rampas, um sistema de freio estacionário é ativado automaticamente. Dessa forma, com as portas abertas, o veículo fica travado e, mesmo se o acelerador for acionado, o carro não se movimenta.

    Depois de embarque e desembarque de passageiros, o motorista aperta a tecla localizada ao seu lado esquerdo para fechar as portas. As portas fecham e a rampa é recolhida. A partir daí, o veículo pode arrancar. De cinco a sete segundos depois, dois pinos descem nas portas, como um dispositivo de segurança extra de travamento.

    Emergência

    Com o sistema funcionando corretamente, só há um meio de as portas abrirem com o veículo em movimento: quando é acionado o sistema de emergência localizado dentro do compartimento existente em cima das folhas de portas. Caso a alavanca seja puxada, as portas do veículo perdem a pressão e podem ser abertas facilmente.

    De acordo com o gestor de área de vistoria da Urbs, Élcio Karas, o sistema é exigido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo ele, desde o ano passado os novos ônibus estão sendo fabricados de modo que a porta só seja liberada se o veículo estiver parado. O ônibus em que Cleonice estava, entretanto, foi feito em 2004.

    Para o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Denílson Pires, o sistema dos ligeirinhos é seguro. "Eu tenho 20 anos de experiência como motorista e cobrador e digo que é quase impossível que a porta se abra com o ônibus em movimento", afirma.

    Segundo Pires, alguém pode ter acionado o sistema de emergência para tentar ajudar Cleonice a soltar o salto do sapato, que havia ficado preso na porta. "É uma suposição, mas como a moça estava com o salto enroscado, alguém que conhecia o sistema pode ter puxado a alavanca para tentar ajudá-la", afirma.

    Família não decidiu se irá à Justiça

    O corpo de Cleonice foi enterrado às 17 horas de ontem no Cemitério Jardim Independência, em Araucária, depois de ser velado em sua própria casa. Para a despedida, dois ônibus foram alugados para transportar amigos e familiares.

    O clima era de grande comoção. "Todos estávamos sentindo uma dor generalizada. A Cleonice era uma pessoa muito querida" , conta Joarez Antônio Pereira, colega de trabalho. "Os familiares mais próximos estão meio aéreos ainda, não se deram conta do que ocorreu", diz ele.

    Até o momento, conforme os amigos, a família ainda não definiu se vai entrar com processo judicial contra a Urbs e a Araucária, pedindo indenização pela morte de Cleonice.

    "Eles estão bem abalados. Primeiro eles precisam entender o que está acontecendo para depois pensar nisso" , relata André Pereira. "Era uma família muito unida", afirma ele. (VB)

    Primeira audiência da licitação será em março

    Em janeiro passado, o prefeito Beto Richa (PSDB) sancionou a lei 12.597, a Lei Geral do Transporte Coletivo. A nova legislação criou nova forma para a concessão do serviço de transporte coletivo à iniciativa privada, com exigência de licitação. No entanto, até o momento, os editais não foram divulgados. De acordo com a prefeitura de Curitiba, apesar de sancionada em janeiro, a lei foi regulamentada apenas em dezembro. E, por esse motivo, não houve tempo hábil para dar início ao procedimento licitatório. A audiência pública que inicia o processo deve ocorrer em março.

    Além da licitação, a nova lei deveria oferecer garantias de qualidade do serviço em vários aspectos: rapidez, conforto, segurança, eficiência, atualidade tecnológica e acessibilidade. A morte da auxiliar de serviços gerais Cleonice Ferreira Gouveia mostra a distância entre a teoria e a prática. "Essa lei pode entrar em um rol com outras, todas bem escritas, mas longe da realidade", diz Rafael Clabonde, presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas.

    A legislação estabelece limite de seis usuários por m2 nos ônibus. Os passageiros afirmam que a regra não é seguida nos horários de pico do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana. "Todos os dias, por volta das 18h30, o ônibus está lotado. É impossível se mexer", reclama Amilton Alves de Miranda, usuário da Linha Araucária. (VB)

    Fonte: Gazeta do Povo

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