FALTA DE INVESTIMENTO NAS ESCOLAS AGRÍCOLAS DO ESTADO ESTIMULA ÊXODO RURAL

A falta de investimento e de uma administração educacional mais eficaz nas escolas agrícolas do Estado do Rio de Janeiro foram temas de debate na audiência pública “Colégios Agrícolas no Rio de Janeiro: Desafios e Perspectivas” realizada pelas comissões de Ciência e Tecnologia e de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta terça-feira (24/09), no Auditório Nelson Carneiro, no prédio anexo ao Palácio Tiradentes. Segundo Lilian Aparecida Almeida, representante da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), a falta de incentivos regionais desestimula os estudantes das instituições de ensino agrícola em permanecer na área rural. “A escola agrícola precisa de uma estrutura própria e se não for oferecido isso, haverá o esvaziamento. A unidade de Itaboraí fechou porque na época havia apenas trinta e três alunos nela. Não houve incentivo do poder público e por isso os alunos foram saindo e o colégio acabou fechando”, lamentou Lilian. Atualmente cinco escolas agrícolas funcionam no interior do estado, nos municípios de Itaperuna, Valença, Friburgo, Magé e Teresópolis.

O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa, deputado Waldeck Carneiro (PT), reafirmou a importância da Alerj no processo de fiscalização das unidades. “De 2015 para cá há uma dinâmica de esvaziamento dessas escolas. É importante o papel da Alerj de fiscalizar essas unidades para que os colégios possam educar e promover a sucessão rural”, destacou o parlamentar. Ele propôs ainda durante a audiência a divulgação de informações do ensino agrícola, usando ônibus das concessionárias que operam linhas de transportes intermunicipais, com o objetivo de propagar informações sobre cursos principalmente nos meses de agosto, setembro e outubro, quando são lançados os editais de matrícula e processos seletivos.

Para o pró-reitor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (Ifrj), professor José de Arimathea Oliveira, o Estado do Rio tem um potencial enorme para desenvolvimento na área agrícola desde que haja incentivo.“Não dá para falar em escola agrícola sem alimento, sem transporte, esses desafios devem ser enfrentados. Tem que haver estrutura de docentes e equipe técnica. Se o estado não enxergar a escola como diferente não haverá como manter alunos na escola. O estado tem apenas cinco unidades e o poder público tem o poder de resolver isso rápido”, afirmou José de Arimathea.

O deputado Flávio Serafini (Psol), que preside a Comissão de Educação da Alerj, defendeu que haja o desenvolvimento de uma política específica para a educação no campo.“Apesar de termos apenas três por cento de população agrícola no estado é importante debater a melhoria de incentivo para a área. A agricultura tem grande importância, tanto do ponto de vista econômico quanto do social, em termos de soberania alimentar. E é um desafio nosso fazer com que o meio rural seja atraente com cidades sustentáveis, não dá para não pensarmos em termos áreas rurais, produção agrícola e de alimentos, onde as pessoas estejam participando desse processo com qualidade de vida e ofertas de serviços”, afirmou Serafini.

Estiveram presentes na audiência pública e representantes da secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento (Seappa); da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec); da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf); do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe); da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro) e de colégios agrícolas de diversos municípios do Estado do Rio.