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22 de Novembro de 2024
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    Empresas pagam R$ 1,2 bi a executivos

    há 16 anos

    Entre as dez companhias mais negociadas na Bolsa, apenas o Banco do Brasil divulga os rendimentos de seu presidente

    Lei exige que seja informado o total gasto para remunerar dirigentes e conselheiros; CVM estuda exigir divulgação individualizada dos salários

    LEANDRA PERES

    DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    As dez empresas mais negociadas na Bolsa brasileira gastaram no ano passado R$ 1,2 bilhão para pagar seus mais altos executivos e conselheiros. Levantamento feito pela Folha nos balanços divulgados pelas companhias mostra que em apenas um caso -o Banco do Brasil- é possível saber quanto ganha o principal executivo.

    A remuneração dos principais executivos voltou a causar polêmica após a AIG -seguradora que só sobreviveu à crise graças à injeção de US$ 173 bilhões do Tesouro americano- distribuir bônus de US$ 165 milhões a seus dirigentes.

    No Brasil, o presidente do BB, Antônio Francisco de Lima Neto, recebe R$ 37.469,40 por mês, sem bônus ou ações. Se for demitido, não terá nenhum benefício além dos pagos a funcionários de carreira do banco.

    A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), xerife do mercado de ações, quer mudar a prática das empresas no país.

    "Ainda que a CVM perceba que a divulgação individual dos pagamentos aos principais executivos não é o ideal para o momento, deixar como está não é uma opção", diz a superintendente de Desenvolvimento de Mercado, Luciana Dias.

    No Brasil, a lei obriga apenas que a empresa informe o total gasto para remunerar dirigentes e conselheiros. É o que fazem Petrobras e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

    Na estatal, foram gastos R$ 6,8 milhões no ano passado para pagar sete diretores e oito conselheiros. O maior salário de dirigente da Petrobras foi de R$ 59,4 mil, em dezembro.

    "Esse número não serve para nada. Não sabemos qual a política, quais os benefícios. A remuneração é um instrumento que serve para alinhar o interesse dos dirigentes, que cuidam do dia a dia, e dos acionistas, que colocam o capital", diz Heloísa Bedicks, diretora do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

    O Banco Itaú Unibanco não diz quanto ganha Roberto Setubal, seu principal executivo, mas tem um dos balanços mais completos entre as empresas da Bovespa. É possível saber que os administradores receberam R$ 310,3 milhões em salários, R$ 97,281 milhões em participações nos lucros e R$ 102 milhões em ações.

    Entre as outras seis empresas, há dados sobre a composição dos pagamentos -casos de Vale, Gerdau, Bradesco, BM&FBovespa e Usiminas-, mas é impossível saber quanto se destinou aos executivos e quanto foi para os conselheiros.

    A CVM colocou em consulta pública uma norma que pretende exigir das grandes empresas informações sobre pagamentos individualizados aos executivos. Para companhias em um nível mais baixo de negociação, o mínimo será informar como o pagamento é composto -salários, bônus, pagamentos em ações- e quanto recebem administradores e conselheiros.

    "Objeto de curiosidade"

    A Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), que reúne 85% do valor de mercado das empresas com ações em Bolsa, é contra a divulgação de salários individuais dos executivos. "É muito mais um objeto de curiosidade do que de necessidade dos acionistas", afirma o presidente da associação, Antônio Castro.

    Segundo ele, as perguntas feitas por investidores se concentram em detalhes sobre os diversos tipos de remuneração paga aos administradores e conselheiros, principalmente pagamentos ligados a bônus e ações, mas não sobre o que ganha cada executivo.

    A Abrasca concorda em explicitar cada um desses tipos de pagamento, mas teme uma "espiral inflacionária" nos salários quando os executivos puderem comparar a remuneração entre os concorrentes e aumentos com custos de segurança para esses dirigentes.

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